Manifestação de Uma Opinião

Qualquer opinião hoje é expressada num blog...e em qualquer blog é expressada uma opinião. Hoje em dia o mundo move-se rodeado de blogs e estes são um prelongamento das noticias diárias, comentando-as, da mesma forma que as impulsionam, fundamentando-as. Manifestação de Uma Opinião justifica a sua existência exactamente pelo seu nome...façam uso dele e expressem a vossa...

2006-09-18

Música Clássica: porquê?


A música está presente em nós todos os dias. Esta é uma verdade que o Homem soube criar e arpoveitar. Porém, tal acontece de formas diferentes, sob circunstâncias diferentes, por razões diferentes. Perante a diversidade do fenómeno, surgem duas questões que merecem alguma consideração:

Por que razão valorizamos, enquanto sociedade, a música clássica como a mais sublime das expressões artísticas? Certo que o façamos, por que está esta reservada a apenas alguns "eruditos", quando deveria, pelo seu valor, ser acessível a todos nós?

Responder à primeira pergunta requer remetê-la para o domínio da neuropsicologia, aquele ramo do conhecimento que se debruça sobre os acontecimentos que tomam lugar no nosso cérebro enquanto vivemos. Diz-nos a neuropsicologia que o prazer que o ser humano sente em ouvir música deriva dos fenómenos que se verificam, ao nível das relações sinápticas no nosso cérebro, enquanto escutamos uma peça musical.

A diferença entre a música clássica (e o jazz) e outros tipos de música, nomeadamente o "rock", "pop" ou "hip hop", que levam os "eruditos" a valorizar uma e a desvalorizar as outras, encontra-se na quantidade e no tipo de fenómenos que ocorrem em nós quando escutamos os diferentes estilos de música.

O nosso cérebro funciona à base do reconhecimento de padrões e de associações: repetições sucessivas de um qualquer acontecimento permitem-nos reconhecer o que é percepcionado, ao que associamos a percepção de outros acontecimentos, o que nos permite conceder um significado específico ao que nos rodeia. A repetição de um determinado acontecimento, quando associado a um determinado evento repetidamente, faz-nos atribuir ao primeiro um significado relacionado com o segundo. É desta forma que sabemos, pelo simples facto de ouvirmos um estilhaçar, que algo de v
A música encontra-se presente nas nossas vidas. Esta é uma verdade que o Homem soube criar e aproveitar. De entre todos os muitos tipos de música que há, porque dizem da música clássica ser o pico da criação artística humana? E sendo tão sublime, por que está esta injustamente reservada a alguns apenas?
idro se partiu; ou que quando jorra sangue da mão de alguém, essa pessoa sente dor. Musicalmente, tal significado é atribuído a padrões tonais e rítmicos que escutamos durante uma peça. Quando, por exemplo, escutamos o "We are the champions" dos Queen, facilmente somos levados a associar à melodia com que é iniciada a canção (a dos versos) um sentimento de resolução, de alguma combatividade e esforço, em suma, a emoção que alguém que lutou durante muito tempo por algo que valeu a pena sentiu, algo a que nos impele igualmente a letra. Na explosão sentida no refrão, a que se junta inteligentemente uma batida e uns fortes "riffs" de guitarra, é normal sentirmos um alívio, algo que nos provoca uma grande comoção, como se tudo aquilo por que alguém lutou durante muito tempo e com muito esforço, tal como nos apresentavam os versos, tivesse sido alcançado finalmente. É desta forma que a música nos consegue transmitir emoções, através da associação de algo que nos acontece, que nós, enquanto seres humanos, conseguimos fazer, aos padrões sonoros que ouvimos. Não só isto, mas também outro tipo de associações, sobretudo as relacionadas com a memória, quando uma determinada melodia (um conjunto de padrões tonais e rítmicos) nos faz recordar algo que julgávamos há muito esquecido, há muito sentido... Este tipo de fenómenos consegue-nos provocar qualquer tipo de música. Há outros, porém, que apenas uma música como a clássica ou o "jazz" conseguem fazer com que aconteçam.

A razão para isto assenta na construção musical de uns e de outros estilos. Enquanto que os estilos mais banais de música assentam sobretudo no tipo de associações a que me referi com o exemplo dos Queen, em que determinados fenómenos não auditivos (a emoção do combate, do prazer da vitória, etc) são associados a um conjunto de padrões rítmicos e tonais, a música clássica assenta em associações de carácter puramente auditivo. Isto é conseguido porque a construção de uma peça de música clássica é feita tendo em vista uma tensão muito específica que é criada no ouvinte através dos sons que lhe são transmitidos.

Todas as melodias que são criadas em qualquer música de que se recordem têm por base, sempre, uma nota (excluo os casos da música clássica contemporânea e do "free jazz"). A esta nota, os músicos dão o nome de "tónica", ou "nota de repouso". É sobre esta nota, a mesma ao longo da melodia, que os padrões tonais assentam, permitindo ao nosso cérebro reconhecer aquilo que ouve como uma melodia e não como um conjunto de sons desconexos e sem sentido. Desta forma, quando a melodia é tocada, através do uso de diferentes notas da pauta musical, o nosso cérebro necessita de se recordar a ele mesmo a tónica sobre a qual a melodia está a assentar, precisamente para que possa atribuir um sentido ao que ouve. Ao fazê-lo, gera-se uma tensão entre o que está a ser escutado e essa nota de que se tenta recordar o cérebro, à medida que o cérebro anseia ouvir de novo essa nota de repouso. Esta nota, como diria Leonard Bernstein, famoso maestro norte americano, funciona como um grande e muito poderoso íman, que atrái, constantemente, as outras todas, na nossa ânsia que nós temos de a ouvir.

Ora, o que acontece na música clássica, é que essa tensão é explorada até às últimas consequências. O que fizeram de tão grandioso músicos como Mozart ou Beethoven foi precisamente inventarem novas formas de aumentar essa tensão, explorando a música como nunca antes deles tinha sido feito. A grande diferença entre o que nos tem para oferecer a clássica ou o "jazz", por oposição ao "rock", "pop" e afins, é precisamente a exploração dessa tensão que estes últimos ignorantemente negligenciaram, em troca de formas muito mais fáceis de cativar o ouvinte leigo, ainda que com alguma mestria também.

Os fenómenos que ocorrem no nosso cérebro enquanto gerimos esta tensão musical é, segundo alguns neurospicólogos, muito semelhantes com os que se verificam quando sentimos tristeza, raiva, alegria, paixão e assim por diante. Desta forma, a diferença, e causa do valor acrescentado de que goza a música clássica em detrimento da música mais comum, reside no facto de esta oferecer ao ouvinte "atento" emoção pura! Uma forma de mimicar, que na linguagem do nosso cérebro significa nada mais que experienciar, sentimentos e emoções crús e cruas. Isto tudo através, simplesmente, de um conjunto de sons. A eles não precisam, ainda que possam, estar associadas imagens, memórias, ou letras. Tudo é produzido pelo arranjo das notas na peça musical.

Acontece que a capacidade humana de interagir inteligentemente com os padrões tonais e rítmicos é algo que necessita de treino, e muito. Não só isso, mas é fundamental, para que alguém optimize ao máximo a sua aptidão para tal, que o treino surja num período muito específico da nossa vida: a infância. As crianças são, naturalmente, mestres em jogar com os sons que ouvem. A explicação para tal encontra-se no estágio de desenvolvimento em que se encontram os seus cérebros. A chave para uma compreensão verdadeira da música clássica encontra-se no aproveitamento dessa mestria enquanto ela dura. É por esta razão que, por exemplo, só são aceites no conservatório (escola máxima do ensino da música) os alunos que, desde cedo, tenham aprendido a lidar com a música, ou que qualquer um que não o tenha feito não sinta qualquer êxtase ao ouvir música clássica.

Alie-se o trabalho árduo que requer percorrer o caminho para a compreensão da música, as oportunidades perdidas daqueles que, como eu, nunca se dedicaram à música enquanto crianças e, sobretudo e ainda mais importante, uma estrutura social que constantemente repudia e desvaloriza o ensino e aprendizagem da música, e percebemos a razão pela qual os "prazeres escondidos" na música clássica estão reservados apenas a alguns.

Junto deixo a sugestão: "Teoria da aprendizagem musical" - Edwin Gordon.

2006-09-10

Saber dançar qualquer musica

"Querida e adorada amiga,
A senhora chama sedutor a um artísta e não tem consciência que lhe está a fazer o maior dos elogios. Toda a atitude de um artísta para com o Universo é o de um sedutor.

Porque o que significa a sedução senão a arte de fazer, com infinito trabalho, paciência e perserverança, o objecto sobre quem concentramos a nossa mente, entragar, voluntária e arrebatadamente, o seu próprio âmago e essência? Sim, e alcançar enquanto isso, uma beleza mais elevada do que jamais poderia, sob quaisquer outra circunstâncias, ter atingido? Eu seduzi uma velha bilha de barro e dois limões fazendo-os entragarem-me o seu ser mais íntimo, tormarem-se meus e, nesse mesmo instante, tornarem-se fenómenos de irresistível graciosidade e encanto.
Mas acima de tudo, ser seduzida é o privilégio da mulher, aquilo que o homem bem lhe pode invejar. Onde estaríeis, minhas ilustres senhoras, se não reconhecesseis o sedutor em todos os homens ao alcance do cheiro dos vossos saiotes? Por mais admirável que seja, a mulher não desperta no homem o instinto do sedutor. É como o cavalo do Chavalier de Kerguelen, que tinha todas as boas qualidades deste mundo, mas que estava morto. E que pobres criaturas desvalidas seriam os homens, se não tentassem arrancar, como o violinista com o arco sobre as cordas, toda a riqueza e todas as virtualidades do instrumento que temos nas mãos?
Mas não imagine, minha sábia e sagaz amiga, que a arte do sedutos deve em cada empresa individual proporcionar-lhe o mesmo troféu. Há mulheres que esgotam a plenitude da sua feminilidade num sorriso, um olhar de soslaio ou uma valsa, e outras que a entregam nas suas lágrimas. Eu sou capaz de esvaziar uma garrafa de vinho do Reno até à última gota, mas sorvo lentamente um copo de aguardente fina e há castas raras em que ambiciono apenas respirar o aroma. O sedutor, leal e honesto, quando alcançou o sorriso, o olhar de soslaio, a valsa ou as lágrimas, lhe tira o chapéu à dama, o seu coração a transbordae de gratidão, só temendo uma coisa: a possibilidade de voltar a encontrá-la."
Excerto de "Ehrengarda, a Ninfa do lago"
Por Karen Blixen

Ao ler esta carta apercebo-me que seduzir é com representar um papel. Já todos tivemos namoradas/os e curtes muito diferentes, seja fisica ou (a relevante neste caso) psicológicamente falando. Nós próprios teremos uma harmonia interior que só funciona com determinados tipos de pessoas. Julgo, então, que seduzir não é mais que ser actor/a! Nunca mentindo (ou isso tiraria o prazer de seduzir) mas dizendo ao outro o que ele/a quer ouvir...
Passo a explicar: Todos temos uma série de defeitos e uma série de qualidades. Vamo-nos agora concentrar nas qualidades já que os defeitos são omitidos enquanto se seduz.
Observo a rapariga A...após alguma conversa com ela apercebo-me que gosta mais de X e Y considerando que W e Z são secundárias. Eu tenho a qualidade X, W e Z. Omito que não tenho a Y e manifesto abertamente a qualidade X, mantendo as W e Z à espreita para uma leve referência como quem não quer a coisa. Acabo por manusear, sem mentir, a minha pessoa de forma a captar uma atenção mais íntima de quem seduzo.
Observo rapariga B e o jogo é o mesmo. Ela gosta mais de Z e Y...eu vejo o que é que tenho na mala e toca de dançar essa musica com ela.
Observo rapariga C...D...E...etc. A dança é sempre a mesma, a musica é que não. É uma questão de acelerar ou acalmar o passo consoante o que ela gosta.
Não digo com isto que me molde consante a rapariga, mas aquela primeira aproximação que requer poucos erros é mais planeada de forma a captar "o sorriso, o olhar de soslaio, a valsa ou as lágrimas".

O autor da carta refere que as mulheres é que são seduzidas. Talvez seja verdade, já que, muitas vezes, o homem é seduzido num instante tão ínfimo que nem se chega a aperceber-se de que o foi. Quando dá por ele está a dirigir-se à rapariga/senhora e começam as falinhas de engate.
Acho por isso que a mulher é a primeira a seduzir, mas a sedução dela é, tendêncialmente mais fácil. Basta-lhe um olhar, um sorriso, um movimento para ter a atenção do homem, e muitas vezes fazem-no sem se aperceberem e sem vontade. Uma vez conseguida a atenção do macho (digo macho numa clara referência ao animal sedento que nos tornamos quando vemos um rabo de saias que nos cativou mesmo) resta-lhe ouvi-lo e senti-lo. A ela basta-lhe um momento, a ele uma(s) manha(s).

É o que acho da sedução...

2006-09-04

Como avalias tu as tuas opiniões?

O "post" “Férias na multidão” refere-se a uma questão profunda e complicada, ainda que sem uma intenção directa. A vinda de muitos brasileiros tem alterado o nosso modo de vida. Com cada um que entra no nosso país um pouco da cultura que é a deles entra também, um pouco do seu maneirismo, do seu jeito de viver a vida. Este "input" cultural ocupa espaço na vida de quem cá está. Esse espaço poderia, decerto, ser preenchido pela cultura nativa, a nossa, a portuguesa. Este fenómeno transmite-nos a sensação de perda de identidade nacional, provocando um certo desgosto que, acompanhado de um sentimento de raiva por nos terem atingido no nosso cerne cultural, conduz-nos à descriminação e à ênfase, a meu ver, despropositada com que foi redigido o "post".

Quero com este "post" apenas deixar quatro ideias que, possivelmente, vos acompanharão quando pensarem sobre um assunto como este (é um pouco grande por isso leiam apenas se quiserem mesmo saber a minha contribuição):

A primeira é a ideia de que o mundo não é feito de compartimentos estanques a que se deu o nome de países e onde se colocaram grupos completamente diferentes de pessoas para que vivessem de maneiras completamente diferentes. Não, o mundo é um todo dinâmico, um organismo gigante ocupado por diferentes criaturas, todas com a pretensão de sobreviver, que farão de tudo para o conseguir. Nisto se inclui a vida em grupo, a partilha de um espaço comum, a segurança que advém da inter ajuda. Como consequência disto, os modos de vida serão partilhados, os hábitos continuamente adquiridos, e uma cultura formada. Este é um processo infindo, rápido, inevitável. À luz desta ideia, não fará muito sentido encarar a mistura de culturas com raiva, desprazer ou espanto. É uma simples consequência. Aconteceu quando descobrimos o Brasil. Acontece agora quando os brasileiros "descobrem" Portugal.

A segunda ideia liga-se com a capacidade dos "media" de construírem imagens simplistas nas cabeças de cada um de nós sobre um qualquer assunto que queiram. Aquilo a que Kundera chama de “imagologia”. Consequência deste seu poder é a crença em que em África apenas haja areia, animais exóticos, pretos escanzelados e fome; em que na Finlândia todos são honestos e trabalhadores e muito, muito felizes; em que a maioria da população americana é menos inteligente que a maioria da população europeia ou asiática; em que quem vai para o Brasil irá ser esfaqueado, que lá todos roubam ou são milionários, que todos falam muito alto e que dizem constantemente piadas de mau gosto. Acreditar nisto é renegar a opção de querer saber a verdade e servir apenas de porta-voz de outros. Tudo aquilo que nos é dito, seja por quem for, por que meio for, é-nos dito com um determinado propósito, com a intenção de reagirmos ao que nos é dito de uma determinada forma.

A terceira ideia surge como um pequeno exercício que gosto de praticar, ainda que me custe, quando trato de assuntos sem solução, e que vos convido a praticar também. É simplesmente porem-se na pele de todos quanto tenham algo a dizer sobre um determinado assunto. Questionarem-se "por que pensará ele isto?", "o que o leva a pensar que tem razão?", "por que não consegue perceber ele o meu ponto de vista?". Ao fazer isto neste caso particular cheguei à conclusão de que a vida não está nada fácil. Pessoalmente, só um motivo de força maior me faria querer abandonar o meu país, a minha cultura (aquela que dizemos estar a ser assassinada por quem chega), para ir para um sítio que não conheço, sem garantias nenhumas, possivelmente a caminho de uma morte lenta de fome e angústia. Cada um que chega, que emigra, para um qualquer país, busca para si e para os seus uma vida melhor, procura sobreviver no mundo. Tendo isto em conta, e sabendo também que são essas mesmas razões que nos impelem a nós a fazer aquilo que fazemos, seria hipócrito discordar com a vinda de emigrantes ao mesmo tempo que procuramos nós uma bolsa de estudo numa qualquer universidade estrangeira, mandar alguém abaixo apenas porque tem um sotaque diferente do nosso quando nós também temos um sotaque diferente do dele, proclamar como nossa uma cultura quando uma cultura não é uma posse mas um conjunto de hábitos e formas de ver o mundo. Ao olharem cada pessoa, lembrem-se de que a sua presença no mundo é tão válida quanto a vossa.

A quarta ideia já foi por mim salvaguardada num "comment" deste "blog". É a ideia de que a subjectividade comanda a vida. Em momento algum poderemos dizer, enquanto indivíduos, "eu tenho razão" se, sobre o mesmo assunto, um outro indivíduo o disser também. Isto é assim porque os factos da realidade aparecem, enquanto verdadeiros, nítidos a todos quantos os vejam. Ao aparecerem assim, unirão quem os presencia numa razão comum e existente, objectiva. Para tal, apenas é necessário que, de facto, todos o presenciem, sob condições iguais ou, dada a impossibilidade, idênticas. Se estou deitado sob uma árvore, e ao meu lado se deita o Flecha Ruiz, e na languidez do conforto vemos uma folha a cair mesmo à nossa frente, surge inequivocamente uma certeza em cada um de nós. Uma folha caiu. A razão é comum e ambos dizemos em uníssono "eu tenho razão". Agora, na mesma situação, se porventura eu dormito enquanto descansando sob a árvore e a folha cai, o Ruiz dir-me-á que a folha caiu. Ele viu-a cair e dirá "eu tenho razão". Eu serei forçado a discordar pois eu não vi a folha cair e direi "não, eu tenho razão, não caiu folha alguma". Acontece agora uma fragmentação da realidade. Ela subjectiva-se perante a diversidade das experiências que ocorreram. Numa versão subjectiva da realidade, a folha caiu (na do Ruiz). Noutra, nenhuma folha caiu (na minha). Cada um de nós acredita piamente na experiência que viveu e defenderá a sua versão subjectiva da realidade o mais possível. Ou então procuraremos, por mais difícil que se nos apresente tal tarefa (acreditem que é mesmo muito difícil), conceber aquela realidade objectiva que nos dá razão a ambos, tal como na primeira situação enunciada. Para tal, dada a simplicidade da situação proposta, bastará a minha explicação de que dormitava sob o conforto que a árvore oferecia até o Ruiz me acordar e dizer que uma folha tinha caído. O Ruiz dir-me-á então que uma folha caiu enquanto eu dormitava e que, devido precisamente ao meu sono, eu não a vi cair. Concluiremos então conjuntamente que foi isso que realmente se passou. Alcançamos assim a percepção da realidade objectiva e teremos ambos razão.

Transportem a ideia que a situação conta para o dia-a-dia de todas as pessoas do mundo. Imaginem, se possível, a diversidade de realidades subjectivas que habitam o nosso mundo, a multiplicidade a que é submetida a realidade objectiva devido à fragmentação que sofre constantemente. A minha é apenas mais uma de entre todas. A vossa também. Partindo deste pressuposto, com que validade poderemos afirmar algo sobre assuntos tão controversos como a emigração, o aborto, as drogas, os sistemas políticos, o Bem, o Mal, Deus, o papel da religião, etc? Nenhuma? É o que parece. Pessoalmente acredito que as opiniões que escolho ter serão as correctas quando todos quantos as compreenderem concordarem com elas, não por subjugação a um mecanismo retórico de explanação de ideias, mas por apercepção nítida da realidade objectiva de onde proviram.

Como avalias tu as tuas opiniões?

2006-09-03

Férias na multidão

Bem sei que estamos no final das férias, no entanto não posso deixar de criticar o Algarve.

Olho para a geografia do país e vejo sitios lindos, praias fantásticas e locais fenomenais para passar férias. Quer a familia deseje umas férias rurais, campestres, citadinas, quer deseja a praia ou a montanha o português tem a majestosa sorte de viver num país que nos oferece por inteiro estas oportunidades. Mas o que é que acontece? ALGARVE!
Vai tudo enfiar-se no Algarve! Vai tudo para a confusão! Vai tudo para os preços altos! Vai tudo lá para baixo porque é moda...vai tudo voltar no final das férias com um bronzeado quentinho mas com menos 3 frascos de aspirina por causa da confusão. E depois dizem com tamanho orgulho "eu estive no Algarve!". E eu pergunto porquê!
Quando faço férias tenho duas coisas em mente (principalmente). A primeira é cortar com a rotina e hábitos que se instalam durante o ano, a segundo é a calma necessária para descansar. Ora o Algarve é uma terrinha que me põe os nervos em franja pela tamanha confusão que aquilo oferece, que me irrita pela quantidade de tias falidas que vão para a Quarteira armadas em chiques, no entanto não vão para Vilamoura onde realmente se poderiam "orgulhar(?)" de qualquer coisita.

Claro que há Algarve e Algarve...tanto na localização como na altura do ano. Uma amiga minha que está lá a estudar (perto de Lagos) diz que aquela zona fora da época balnear é fantástica, é calma e é um privilégio viver lá. Não posso comprovar mas dou-lhe o meu crédito. Por outro lado o destrito Algarvio ainda é grandito e não é todo de praias (que é para onde é in ir), por certo que há zonas a explorar sem ser cansativo. No entanto não consigo perceber (e juro que tentei) o que é que é tão atractivo no Algarve para passar férias.

Faz-me lembrar o Brasil ou Cabo Verde. Dois países onde é moda ir e são de fugir. O meu padrasto teve cerca de um ano em serviço nas ilhas cabo verdianas e visitou tudo o que havia para visitar. Quando lhe perguntam se gostou ele responde que "quem foi para lá e diz que gostou está a mentir para se convencer que não foi deitar dinheiro ao lixo".
O Brasil é aquela pérola que já todos conhecemos...país do terceiro mundo, arrastões, favelas, pobreza, assaltos nos semáforos, assaltos na rua, assaltos em casa, facadas nos portugueses...uma maravilha! Já para não falar do gozo que é para aquele povo mandar piadas ao portugueses e mandá-los abaixo sempre que conseguem...no entanto o sorridente tuga lá vai lançado dar dinheiro aqueles senhores que assassinam a língua portuguesa. Lembram-se das Mamonas Assassínas? Sempre a gozar com os portugueses mas o português comprava os CD e ainda ia ao concerto...tivemos sorte...!
Com um continente tão rico e tão grande, tão diferente e com tantas culturas e paisagens díspares por que é que nos vamos enfiar no Brasil? Na minha opinião, por completa estupidez.

Viva as férias...
 
http://www.youtube.com/watch?v=EbJtYqBYCV8
D12 - Girls

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