Como avalias tu as tuas opiniões?
Quero com este "post" apenas deixar quatro ideias que, possivelmente, vos acompanharão quando pensarem sobre um assunto como este (é um pouco grande por isso leiam apenas se quiserem mesmo saber a minha contribuição):
A primeira é a ideia de que o mundo não é feito de compartimentos estanques a que se deu o nome de países e onde se colocaram grupos completamente diferentes de pessoas para que vivessem de maneiras completamente diferentes. Não, o mundo é um todo dinâmico, um organismo gigante ocupado por diferentes criaturas, todas com a pretensão de sobreviver, que farão de tudo para o conseguir. Nisto se inclui a vida em grupo, a partilha de um espaço comum, a segurança que advém da inter ajuda. Como consequência disto, os modos de vida serão partilhados, os hábitos continuamente adquiridos, e uma cultura formada. Este é um processo infindo, rápido, inevitável. À luz desta ideia, não fará muito sentido encarar a mistura de culturas com raiva, desprazer ou espanto. É uma simples consequência. Aconteceu quando descobrimos o Brasil. Acontece agora quando os brasileiros "descobrem" Portugal.
A segunda ideia liga-se com a capacidade dos "media" de construírem imagens simplistas nas cabeças de cada um de nós sobre um qualquer assunto que queiram. Aquilo a que Kundera chama de “imagologia”. Consequência deste seu poder é a crença em que em África apenas haja areia, animais exóticos, pretos escanzelados e fome; em que na Finlândia todos são honestos e trabalhadores e muito, muito felizes; em que a maioria da população americana é menos inteligente que a maioria da população europeia ou asiática; em que quem vai para o Brasil irá ser esfaqueado, que lá todos roubam ou são milionários, que todos falam muito alto e que dizem constantemente piadas de mau gosto. Acreditar nisto é renegar a opção de querer saber a verdade e servir apenas de porta-voz de outros. Tudo aquilo que nos é dito, seja por quem for, por que meio for, é-nos dito com um determinado propósito, com a intenção de reagirmos ao que nos é dito de uma determinada forma.
A terceira ideia surge como um pequeno exercício que gosto de praticar, ainda que me custe, quando trato de assuntos sem solução, e que vos convido a praticar também. É simplesmente porem-se na pele de todos quanto tenham algo a dizer sobre um determinado assunto. Questionarem-se "por que pensará ele isto?", "o que o leva a pensar que tem razão?", "por que não consegue perceber ele o meu ponto de vista?". Ao fazer isto neste caso particular cheguei à conclusão de que a vida não está nada fácil. Pessoalmente, só um motivo de força maior me faria querer abandonar o meu país, a minha cultura (aquela que dizemos estar a ser assassinada por quem chega), para ir para um sítio que não conheço, sem garantias nenhumas, possivelmente a caminho de uma morte lenta de fome e angústia. Cada um que chega, que emigra, para um qualquer país, busca para si e para os seus uma vida melhor, procura sobreviver no mundo. Tendo isto em conta, e sabendo também que são essas mesmas razões que nos impelem a nós a fazer aquilo que fazemos, seria hipócrito discordar com a vinda de emigrantes ao mesmo tempo que procuramos nós uma bolsa de estudo numa qualquer universidade estrangeira, mandar alguém abaixo apenas porque tem um sotaque diferente do nosso quando nós também temos um sotaque diferente do dele, proclamar como nossa uma cultura quando uma cultura não é uma posse mas um conjunto de hábitos e formas de ver o mundo. Ao olharem cada pessoa, lembrem-se de que a sua presença no mundo é tão válida quanto a vossa.
A quarta ideia já foi por mim salvaguardada num "comment" deste "blog". É a ideia de que a subjectividade comanda a vida. Em momento algum poderemos dizer, enquanto indivíduos, "eu tenho razão" se, sobre o mesmo assunto, um outro indivíduo o disser também. Isto é assim porque os factos da realidade aparecem, enquanto verdadeiros, nítidos a todos quantos os vejam. Ao aparecerem assim, unirão quem os presencia numa razão comum e existente, objectiva. Para tal, apenas é necessário que, de facto, todos o presenciem, sob condições iguais ou, dada a impossibilidade, idênticas. Se estou deitado sob uma árvore, e ao meu lado se deita o Flecha Ruiz, e na languidez do conforto vemos uma folha a cair mesmo à nossa frente, surge inequivocamente uma certeza em cada um de nós. Uma folha caiu. A razão é comum e ambos dizemos em uníssono "eu tenho razão". Agora, na mesma situação, se porventura eu dormito enquanto descansando sob a árvore e a folha cai, o Ruiz dir-me-á que a folha caiu. Ele viu-a cair e dirá "eu tenho razão". Eu serei forçado a discordar pois eu não vi a folha cair e direi "não, eu tenho razão, não caiu folha alguma". Acontece agora uma fragmentação da realidade. Ela subjectiva-se perante a diversidade das experiências que ocorreram. Numa versão subjectiva da realidade, a folha caiu (na do Ruiz). Noutra, nenhuma folha caiu (na minha). Cada um de nós acredita piamente na experiência que viveu e defenderá a sua versão subjectiva da realidade o mais possível. Ou então procuraremos, por mais difícil que se nos apresente tal tarefa (acreditem que é mesmo muito difícil), conceber aquela realidade objectiva que nos dá razão a ambos, tal como na primeira situação enunciada. Para tal, dada a simplicidade da situação proposta, bastará a minha explicação de que dormitava sob o conforto que a árvore oferecia até o Ruiz me acordar e dizer que uma folha tinha caído. O Ruiz dir-me-á então que uma folha caiu enquanto eu dormitava e que, devido precisamente ao meu sono, eu não a vi cair. Concluiremos então conjuntamente que foi isso que realmente se passou. Alcançamos assim a percepção da realidade objectiva e teremos ambos razão.
Transportem a ideia que a situação conta para o dia-a-dia de todas as pessoas do mundo. Imaginem, se possível, a diversidade de realidades subjectivas que habitam o nosso mundo, a multiplicidade a que é submetida a realidade objectiva devido à fragmentação que sofre constantemente. A minha é apenas mais uma de entre todas. A vossa também. Partindo deste pressuposto, com que validade poderemos afirmar algo sobre assuntos tão controversos como a emigração, o aborto, as drogas, os sistemas políticos, o Bem, o Mal, Deus, o papel da religião, etc? Nenhuma? É o que parece. Pessoalmente acredito que as opiniões que escolho ter serão as correctas quando todos quantos as compreenderem concordarem com elas, não por subjugação a um mecanismo retórico de explanação de ideias, mas por apercepção nítida da realidade objectiva de onde proviram.
Como avalias tu as tuas opiniões?
O objectivo do post "férias na multidão" era realmnte criticar as férias que se fazem em sitios que apesar de poderem ser bonitos e lógicos a visitar, são também confusos e não próprios para férias, para o que eu procuro numas férias.
A verdade é que depois descambou para uma opinião pessoal que tenho sobre um país.
Claro que nem todos somos esfaqueados quando vamos ao Brasil, a minha namorada e os pais estverem lá há pouco tempo e voltaram como foram. Mas a verdade é dita por eles próprios, que são um país do terceiro mundo e que são quase todos criminosos ou potenciais. Tanto os pobres como os ricos. Sim há excepções, tal como o Enviado Especial da ONU Sérgio Vieira de Mello, morto num atentado em Bagdad e com quem o meu padrasto recorda a excelente relação de trabalho em Timor. E como ele haverá outros, o 5º maior país do Mundo há-de ter alguém decente. Falo sim da generalidade.
Eu não sou contra formas de migração, na verdade sou descendente de uma familia de refugiados do franquismo, Espanhois que fizeram pela vida numa perseguição politica e se instalaram neste país que tanto defendo.
O "povo brasileiro" tem características que me fazem ter ódio, quanto mais não seja a presunção deles e a destruição progressiva da lingua portucalense. Aqui não se trata de uma evolução linguística inerente ao passar dos tempos, trata-se realmente de uma nova forma de falar vinda de outro país e que nos está a assaltar por completo. Claro que uso "bué" ou outras expressões vindas de certos países mas sei quando é que essas palavras/expressões são correctas de uso e não as utilizo em qualquer meio. O problema com o dialecto brasileiro é que o português se vai perdendo e, como exemplo, aquela mania irritante de se usar "você" no tratamento formal é a prova disso! Estou a dar uma novidade a alguém? Provavelmente estou, mas confirmo "você" não é correcto no tratamento formal, não obstante da crença e uso. Nós temos sotaque? Sendo que somos o país colonizador e origem da lingua eles é que têm sotaque
O Brasil usa Portugal como sátira, as anedotas são sempre um português que fez não sei o quê! E eu ainda vou para lá oferecer dinheiro a quem goza com o meu país?
Há ouco tempo o GOV deu autorização de residência a 7ou8 brasileiros que estavam no país ilegalmente e que tinham cometido crimes...então o cidadão honesto o que é que recebe? Aumento de impostos para suportar isto.
Esta discussão não é propícia a ter aqui devido à ausência de "parada-resposta" e o factor temporal ser demasiado relevente, no entanto se forem ao blog do NES/FDL (num dos links) procurem um post sobre esta mesma questão e lá estará uma discussão sobre este assunto.
Se me arrependo pelo teor do Post? Não, talvez comece a ser tempo de os Portugueses abrirem os olhos e, em vez de ligarem só à selecção e só se identificarem com os "valores nacionais" presentes no futebol, talvez fosse melhor ligar mais à defesa nacional.
Se calhar não será esta a melhor maneira e não pensem que estou a tentar impedir o fenómeno de globalização, quero é que, apesar disso tudo, a identidade do meu país esteja o mais intacta possível.
Agradeço, com a maior seriedade e sinceridade, pela tua manifestação contra a ideia manifestada no post