Paka

Angustiado, encosto a porta do quarto após entrada.

Oiço passinhos...a porta abre lentamente.
Uma cara inocente e alheia sorri...
Dá-me um abraço feliz e pergunta esperançoso "vais dormir cá?"

Nego. Entristeço-o. Pergunta porquê.
"Tenho de ir para casa..."
Beijo-o, ele faz o mesmo e afasta-se. Alheio e inocente.

No dia seguinte relembro...choro.

Paka...

"Condenem-me. Não interessa. A História absolver-me-á"

No momento em que o ditador Cubano está na iminência de deixar a governação que se prolonga há 46 anos e a vida, ser-me-ia impossível não referir um pouco da sua História. História essa que divide opiniões desde "herói libertador" a "assassino despótico".
Não me cabe essa avaliação porque não possuo dados suficientes que me permitam fazê-lo, mas posso referir que o respeito e partilho certos ideais...confesso até alguma admiração, não em tudo, mas na fé, entrega e luta deste líder inquestionável.

Fidel Ruz Gonzalez Castro nasceu em 1926, filho de Ángel Castro numa relação adúltera com uma das empregadas. Estudou em colégios católicos pagos pelo abastado pai ausente e tirou o curso de Direito na Faculdade de Direito de Havana, onde chegou a ser presidente da Associação de Estudantes.
Ingressou na faculdade em 1945, altura em que Cuba era um país instabilizado por lutas internas. Os partidos políticos discutiam de arma em punho e até os alunos universitários transportavam essa agressividade para as eleições das Associações de Estudantes. A ilha estava nas mãos dos E.U.A. e o Governo era um mero fantoche daqueles, as acções de guerrilha aumentavam...a situação estava incomportável.

Alistou-se no Partido Ortodoxo, partido esse que defendia políticas sociais e o fim da influência norte-americana, numa altura em que o ex-presidente corrupto Fulgencio Batista liderou um Golpe de Estado que impôs uma ditadura de direita que abraçava um sistema de corrupção, monopólio económico de famílias abastadas e uma, ainda, maior aproximação aos E.U.A..
Fidel procurou, então, meios legais para questionar e derrubar o regime. Meios esses que passaram pela entrega de uma petição, no Tribunal Constitucional, que alegava a Ilegalidade e Inconstitucionalidade das acções do Governo. A petição nem lida foi, o que moveu Fidel para a violência. Assumiu-se como "Comandante", foi buscar o irmão Raúl Castro e organizaram um ataque ao Quartel de Moncada onde estavam cerca de 1000 homenzinhos soldados. A ideia era boa! Na noite anterior haveria a festa de Santiago e os apenas 135 homens vestidos com fardas do exército e em coluna de Escolta a alta patente, procuravam aproveitar a possível ressaca matutina. O ataque foi, no entanto, mal sucedido devido a desorientação dos veículos.

Fidel Castro foi capturado, julgado e condenado a 15 anos. Durante as alegações finais do julgamento refere (já que se defendeu a si mesmo): " Não receio a prisão, como não receio a fúria do tirano miserável que roubou a vida a 70 dos meus camaradas. Condenem-me. Não interessa. A História absolver-me-á".
Dois anos mais tarde Batista concedeu uma amnistia política numa tentativa de acalmar os ânimos populares. Fidel foi um dos preso políticos soltos e aproveitou para se exilar no México onde conheceu o argentino Ernesto "che" Guevara, perito em guerrilha.

A partir daí Fidel teve mais cabeça e os seus planos eram pensados. Pediu apoio ao KGB e a Carlos Socarras e voltou para Cuba no famoso "Granma" com 82 homens. Devido a diversas complicações foram capturados e mortos por Batista na costa cubana. Apenas, acredita-se, 12 homens conseguiram fugir. De entre eles encontrava-se Fidel (que pôs o seu B.I. no bolso de um companheiro desfigurado, o que lhe deu tempo e espaço para se reorganizar), Raúl Castro, Ernesto Guevara e Camilo Cienfuengos. Estes "12 magníficos", como são conhecidos, fugiram para as colinas de Sierra Maestra, onde se organizaram e começaram com pequenos ataques de guerrilha. Apelidaram-se de "los barbudos" e recebiam o entusiasmo da população que os alimentava, escondia e se unia nas campanhas guerrilheiras. Estávamos no ano de 1957.
Um ano mais tarde (Cuba era o "casino" dos Americanos que iam lá jogar, beber e dormir com as prostitutas) começaram as mensagens de revolução. Castro aparecia em jornais, folhetos e TV, convocou uma greve geral e referia-se como um patriota que queria derrubar a governação corrupta. "Los Barbudos" não queriam o poder, apenas destituir o actual e regressar ao seu quotidiano.

No mesmo ano Fulgencio Batista enviou 12 mil homens contra os 300 de Fidel. No entanto, a geografia do local, a má preparação de 7 mil deles, a juventude idealista de muitos e a perseverança e eloquência de Castro fez com que a "Operação Verão" fosse mal sucedida em 2 aspectos. Em primeiro lugar nem chegaram perto de "los barbudos" e em segundo muitos soldados desertaram e engrossaram as fileiras de guerrilha castrense.
As acções de protesto sucederam-se e o Presidente Batista fugiu para a República-Dominicana.
Após algum tempo Fidel entra em Havana com o apoio da população que gritava "Gracias Fidel, esta és tu casa!".

A partir daí foram 46 anos no poder. Ernesto Guevara afastou-se de Fidel por motivos não esclarecidos, Huber Matos foi preso por 16 anos e Cienfuengos desapareceu num acidente de avião cujos destroços não foram encontrados. Humberto Sori foi detido e acusado de actividades contra-revolucionárias e fuzilado com 20 tiros na cabeça.
O grupo de Direitos Humanos "Freedom" refere que, pelo menos, 500 mil pessoas foram presas nos 3 anos que se seguiram à tomada de posse e um número inexacto de execuções (de 5 mil a 20 mil) foram ordenadas.

Fidel Castro impôs em Cuba um regime que parece funcionar apesar de, só agora, o Embargo imposto por Kennedy ter sido levantado e as portas abertas ao Turismo. As opiniões dos cubanos dividem-se, pois muitos choram a sua possível morte, outros rejubilaram com o seu estado crítico.
Mas a sua liderança obteve frutos, e o princípio Maquiavélico "os meios são justificados pelos fins" está tatuado no pensamento do líder cubano. Para o bem e/ou para o mal, este senhor será lembrado.



Para uma biografia mais completa recomenda-se a consulta de obras de Norberto Fuentes, Reinaldo Arenas e Gabriel Garcia Márquez.

Santos da Casa...

Ontem lá houve mais um tiroteio nos E.U.A.. Um homem disparou sobre as alunas de uma escola da comunidade amish Paradise, na Pensilvânia, nos Estados Unidos, reclamando ter agido por vingança. Esta situação não é nova, quem não se lembra de outros casos destes? Nem vale a pena enunciar porque não é este o prepósito do post. É o terceiro caso no espaço duma semana. É o "enésimo" caso dos últimos 20 anos.
A lei de aquisição de armas, nos E.U.A. é a partir dos 16 anos e qualquer um pode ter uma arma desde que não tenha cadastro...quem tem cadastro têm que ir pelo mercado negro, onde ainda são melhores, mas aí é dificil evitar.

Há uns tempos atrás (mais de um ano) passou o furacão Katrina. Houve vozes que enunciavam a má prestação do Governo americano sobre o auxílio às vitimas. Cantores que iam actuar para angariar fundos viraram o seu discurso contra a administração Bush pela ausência de ajuda razoável.

Há 5 anos, houve os atentados de 11 de Setembro sobre o World Trade Center e Pentágono. Houve imensas teorias da conspiração sobre esses atentados, sendo que o do Pentágono é o que mais me deixa dúvidas, estando mesmo mais inclinado para acreditar que foi um missel.

Mr. George W. Bush é o rei das gafes, todos já reparámos nisso...já, também, nos apercebemos que a guerra contra o Iraque teve um falso pretexto...todos sabemos que, tirando as guerras mundiais, os E.U.A. perderam todas as guerras em que entraram...enfim...

O que eu penso é: Será que eles não se apercebem que seria melhor virarem-se para dentro? Já se percebeu que há muito para resolver dentro do país, assuntos urgentes e de uma magnitude imensa...mas eles insistem em ser (nas palavras do próprio Bush) a Policia do Mundo. Como é que um país que tem um historial imenso de violência juvenil, de massacres em escolas é capaz de dizer "We'll lead the world to freedom"? Eu quero liberdade, mas se a minha libedade vai ser a de poder andar com uma arma de livre vontade...prefiro não ter tanta. Eles podem usar armas, mas não podem beber...eu prefiro a minha regular imperial a uma AK47 ou Magnum.

Não é intenção deste post ser mais um anti-americanismo. Já gostei menos deles...gabo-lhes a capacidade de trabalho, de empenho e sacrifício. Um país com cerca de 200 anos é dos (se não "O") países mais desenvolvidos do Mundo e isso tem que se lhe diga. São uma voz importante e potente em qualquer conselho, são de ter em conta.
O que se passa aqui é...uma chamada de atenção! Claro, quem sou eu, mero "puto" de 22 anos, para ensinar governantes de um país...mas o que eu acho de Bush é que ele acreditou que havia ADM no Iraque, ele tinha a certeza que as havia. Tal como tinha a certeza que iria ser fácil chegar a bin Laden ou a Saddam Hussein. O problema de Bush é ser fantoche, é ter algumas limitações cognitivas...faz-me lembrar aquelas crianças em que contamos uma história qualquer para as calar e elas acreditam piamente. Bush diz aquilo em que acredita e acha que está certo, mas é tudo fabricado pelo seu "staff". Faz-me alguma "pena" uma das maiores potências mundiais ter um líder tão ingénuo.

Mas será que não seria melhor preocupar-se com as armas que há DENTRO do país? É a mesma coisa de eu bater na minha mulher e ir falar com o vizinho para ele ter calma com a dele! É a mesma coisa que eu andar a fazer peões com o meu carro mas depois ir ter com amigos meus e dizer que estão a ter uma atitude perigosa.
Esta situação de armas nas escolas já chegou ao Canadá e, como dizia um amigo meu, "quando uma coisa destas chega ao Canadá...o mundo está perdido!". Claro que os E.U.A. não têm culpa do que se passou no Canadá, pelo menos não directamente.
Os pais culpam os jogos de violência, como os clássicos Quake e Carmagedon ou o mais recente GTA. Culpam a música como Eminem, 50 cent e Marilyn Manson. Culpam os filmes que são tantos que não consigo escolher para dar exemplos. Tudo isso traz violência...jogo, musica ou filme = violência. E o Arnold Schwarzenegger? Não fez dos filmes mais violêntos que há? E isso impediu-o de ganhar as eleições na Califórnia e de desempenhar o seu mandato com agrado da população? Mas já que se fala em influências violentas...ir para uma guerra sob um falso pretexto não influência os jovens e remete-os para a violência injustificável?

Não vou ser como Hugo Chávez, mas acho que Mr. Bush e a administração têm realmente algumas lacunas cerebrais. E não só eles, mas muita gente mesmo! Também há grandes cérebros mas...

Só benefícios

Os pedidos são centenas. As necessidades milhares. As respostas acima do pedido, mas abaixo do necessário.
Todos os anos nas épocas festivas, como Natal e Páscoa, e pela altura do Verão vê-se spots publicitários na T.V. e, ao longo de todo o ano, em jornais, outdoors e até "grafitado" em comboios. Isto sem falar dos óbvios cartazes espalhados por Hospitais, Centros de Saúde e clínicas, assim como pelos estabelecimentos de Ensino.
Continuo sem perceber o que leva as pessoas a acharem o seu contributo como que indiferente para um banco de sangue de Hospitais e do Instituto Português do Sangue (IPS). Por ser longe não é de certeza já que o IPS se desloca às Escolas e Faculdades e há centros móveis que de volta e meia param na nossa àrea de residência.

Eu dou sangue há 4 anos! Ajudo, gosto e sinto-me bem. Não digo isto para ser elogiado, sou apenas mais um entre muitos e o meu tipo de sangue é o mais comum, por isso o meu contributo nunca será tão valioso como o de um portador se sangue raro. Mas digo isto porque sei e posso mostrar a importância e os benefícios que um pequeno saquinho com apenas 450ml (cada pessoa tem 5 a 6 litros de sangue) pode conter. Esta contribuição não só poderá salvar a vida a desconhecidos, não servirá só para os "outros" porque não é só "nos outros" que já acidentes e intervenções. Muito pelo contrário, além de também nos ser útil nessas situações, é igualmente favorável para o nosso bem estar e saúde. Enuncio, muito sucintamente aspectos positivos em ser dador de sangue:
- Renovação do sangue;
- Análises ao sangue a doenças como VIH/Sida e Hepatite B, por colheita;
- Prioridade do dador em caso de necessidade de transfusão;
- Isenção de taxas moderadoras;
- Direito a mais 2 ou 3 dias de férias por ano;
- Lanchinho antes e depois do procedimento.

As partes da análise a doenças e prioridade na transfusão são as que mais me agradam. Juntando-as às restante mais o estar a ajudar sem que me custe...sinto-me bem.

Já ouvi variadas desculpas para não darem sangue. Temos as mais comuns como : "Tenho medo de agulhas", "não gosto de ver sangue", "não tenho peso suficiente" ou "tenho a tensão baixa". São mais usados pelas senhoras mas os senhores (tirando a do peso) também as aplicam. A do peso é engraçado porque quando inquiro sobre o conhecimento do peso mínimo, ao referirem esta desculpa, a resposta é nehuma. Ficam a saber que é 50kg. Se tiverem menos sugiro acompanhamento médico porque menos um bocadinho e nem o periodo têm.
A da tensão baixa também é gira...facto é que ninguém sabe os valores que costuma ter ("é baixa", insistem), nem os valores minimo e máximo requeridos (insistem"a minha é baixa"). A minha também é, a médica relembra-me sempre que lá vou e só fui recusado uma vez porque estava mesmo muito baixa (Verão e dia de oral!).
Mas também já ouvi as mais imaginativas e absurdas como: "sei lá o que é que eles fazem como meu sangue...clones!?", "não quero ter o meu ADN noutra pessoa", "eu tenho pouco sangue" ou "sei lá se não me injectam um chip quando espetam a agulha"...sem comentários.
Resumo as condições:
- Ter mais de 50 kg;
- Ter entre 18 a 65 anos;
- De 3 em 3 meses para os homens e de 4 em 4 meses para as mulheres;
- Não ter feito tatuagens e/ou piercings nos últimos 12 meses;
- Não ter viajado para países tropicais nos últimos 6 meses.

Haverá outras, mas para isso é que há uma entrevista médica antes da colheita.

Não censuro que não dêem sangue...mas não compreendo o porquê. Aceito e respeito quando há reais impossibilidades físicas ou psicológicas. Mas abomino quem não é honesto e não é capaz de dizer "Eu não dou porque não quero". Não inventem desculpas.

Há quem precise, vocês podem vir a precisar alguém querido pode estar a precisas...não custa, DÁ SANGUE! E já agora, entra no banco de doadores de medula...