Brasugal

Quando arquitectei este blog e imaginei o seu conteúdo houve logo dois ou três temas que assumi (a nivel pessoal, não vinculando de forma alguma o Morbitur) que não iria escrever. O blog dirigia-se mais a pensamentos e ponderações sobre o nosso quotidiano, pequenas situações na nossa existência ou pequenos raciocínios pessoais sobre o meio que nos envolve. Um dos temas sobre o qual não quis manifestar opinião era o Futebol. Obviamente devido ao pragmatismo que já o envolve e a discussões sem fim que apareceriam devido às rivalidades clubísticas e, no caso da Selecção Nacional, pelo excesso de importância que acho que lhes é dado.

No entanto vou ter que ultrapassar essa mesma "regra" que estipulei a nivel pessoal, vou ter de ir ao futebol e à Selecção. Não propriamente ao jogo em sim mas à situação de identidade de que lentamente se vai perdendo.
Há uns anos atrás nacionalizou-se Deco. Instalou-se a polémica! Não obstante do valor de Deco e da sua contribuição (positiva ou negativa) para a Selecção, não é isso que está em causa.
Como referia, houve polémica. Deco proferiu a intenção de ser português após o então Seleccionador do Brasil (Luiz Filipe Scolari) ter referido que aquele não tinha lugar nos melhores 23 jogadores do país Sul Americano. Passados uns meses Scolari vem para Portugal...convoca Deco! Raciocínio: No Brasil Deco é resto, nem se punha a hipótese de jogar. Em Portugal é titular indiscutível, ambas as escolhas pelo mesmo homem.

Há uns tempos atrás iniciaram-se uns rumores sobre Pepe, defesa central do FCP, também brasileiro, se naturalizar português...não dei importância, achei que não viria a acontecer, era mediatismo.
Antes do término do ano transato vários jornais desportivos referiam que não só Pepe já se preparava para tal como Scolari já fazia planos para ele nos próximos jogos de Portugal.
O valor de Pepe é inquestionável, tal como o de Deco. Mais uma vez não é o valor do jogador que está em causa.

Inquiro-me se, numa questão mais prática, Ricardo Carvalho, Jorge Andrade, Ricardo Rocha, Tonel, Fernando Meira, Ricardo Costa e outros não serão também suficientes defesas. Se não são, também, de um valor fantástico.
Numa questão mais ideológica pergunto-me se será que um selecção nacional se construirá desta forma, tipo clube, tentando munir-se dos melhores jogadores. Mal comparado (ou talvez não) imagino que Deco, Pepe e Nélson (embora a situação deste último seja muito diferente, ainda assim lamentável) são aqueles jogadores em que há "plafon" para comprar. Os outros são demasiado bons e não há "dinheiro" ou, como já jogaram por outro país, são como que amantes da camisola do seu "clube", joguem ou não, e não há hipótese de os "comprar".

Qualquer dia (não faltará assim tanto) somos o Brasil B, somos o que está a mais, os restos que vieram para cá! Imagino um futuro em que os jogadores Tugas são postos de partes para aproveitamento daqueles que não cabem no Escrete! No fundo a questão poderia começar com o próprio Scolari.
Mas em relação a isso tenho 2 posições distintas. A primeira é a mesma que tenho em relação a Deco e Pepe. A selecção é mais que 23 jogadores, é também o departamento médico e a equipa técnica. Não se trata só de jogadores de determinado país que procuram ganhar, trata-se também de treinadores que organizam a equipa para o melhor jogo possível e os médicos que zelam pela segurança física dos atletas...assim como outros departamentos. Há um todo envolvente e esse todo deve ser português.
Por outro lado a escolha de um treinador estrangeiro deve ser aplaudida visto que não cede a pressões clubísticas nem escolhe certos jogadores que por serem deste ou daquele clube devem jogar.

Para terminar reparo nos nomes que podem vir a integrar o colectivo de jogadores e depreendo que são excelentes jogadores, capazes de jogar bom futebol e de lutar por lugares cimeiros. Somos realmente uma boa Selecção e possuímos a capacidade e habilidade para conquistas sérias.! Se fossemos maus ainda se poderia tentar perceber, mas assim...não consigo! Apesar disso preferia ser a Letónia ou Afeganistão e não ter expectativas a ter o Henry naturalizado.

Já agora...por que é que a mascote do Euro2004 se chamava Kinas? É que o "K" nem faz parte do alfabeto português!