Manifestação de Uma Opinião

Qualquer opinião hoje é expressada num blog...e em qualquer blog é expressada uma opinião. Hoje em dia o mundo move-se rodeado de blogs e estes são um prelongamento das noticias diárias, comentando-as, da mesma forma que as impulsionam, fundamentando-as. Manifestação de Uma Opinião justifica a sua existência exactamente pelo seu nome...façam uso dele e expressem a vossa...

2006-08-14

Cu virado para a lua

Filme de Woody Allen
Com os actores Brian Cox, Scarlet Johansson e Mattthew Goode

Devo confessar o meu cepticismo aquando a requisição deste video no VOD. Nunca tinha ouvido falar do filme e aquela pequena descrição de apresentação estava pobre e não deixava adivinhar o que realmente prometia. Estava, pois, redondamente enganado! O filme é brutal, a fotografia linda, o enredo nada previsível e a actuação fantástica! Recomendo vivamente.
A peça trata da questão da importância da sorte na nossa vida... A personagem Chris Wilton (Brian Cox) refere algo como "O trabalho árduo é condição essêncial para o sucesso, mas a sorte ou falta dela é que é verdadeiramente determinante" e é nessa frase que se concentra o cerne da obra.


O que é para mim a sorte? Talvez possa definir a tipologia "sorte" como um conjunto de situações distintas mas coincidentes que criam um quadro que oferece um panorama favorável ou desfavorável. Se acho que essas situações são determinantes? Sim, ou não fosse aluno assíduo nas orais da FDL. Não há maior e melhor analogia e/ou metáfora ao parafraseado por Chris Wilton do que as orais naquela faculdade. Mas, fora do ambiente académico, reparo que há uma série situações incontroláveis pela figura humana que influenciam a nossa existência! Não projecto a minha vida nessa série de condições aleatórias que me podem favorecer ou não e não ando, por certo, ao sabor do vento e da maré, mas facto é que muitas vezes (de forma, talvez, pouco recomendada) deixo-me esperar para ver no que é que dá, ou então penso que "com uma bequinha de sorte talvez...".

O que é então a sorte? É a preparação de um terreno palpável de forma a harmonizar os nossos esforços numa posterior coincidência positiva, ou seja, lavrar o terreno, semear, regar e esperar pela sorte de um bom ano?Caso esse bom ano seja afinal mau podemo-nos consolar com "tive azar"? Ou a preparação conta pouco já que até podemos fazer isso tudo bem mas, por má sorte, há um incêndio que nos destrói o trabalho?E aí podemos pensar "porquê ter trabalho se pode correr tudo mal na mesma? Será que, de alguma forma, nos podemos precaver da sorte ou até "manuseá-la"? O que é então a sorte?

3 Manifestações:

  • At domingo, 20 de agosto de 2006 às 23:32:00 WEST, Blogger Macambúzia Jubilosa said…

    Às vezes a sorte dá muito trabalho.

    Às vezes a sorte não dá trabalho nenhum...

    O filme é de facto, muito bom. A cena do anel, revela-se uma reviravolta Hitchcockiana, em que o que parece ser o que o condena, é afinal o que o ilibe.

    Tudo depende do lado em que cai a aliança. E esta ideia é de tal forma redutora que nos desconcerta....

    Dostoiévsky dizia “Se Deus não existe, tudo é permitido”. Para Chris não existe Deus, nem justiça. Existe uma boa dose de sorte.

    E como sempre, as personagens de Woody Allen, são complexas, contraditórias, descontroláveis. E neste filme, ele desmascara-nos, expõe-nos e confronta-nos com a nossa própria natureza, arremessa-nos contra uma parede e obriga-nos a olhar para dentro de nós. Para os nossos limites, para o que somos capazes de fazer e para o que foi apenas resultado de uma roleta russa, do acaso ou do que foi efectivamente criado por nós...

     
  • At segunda-feira, 28 de agosto de 2006 às 23:41:00 WEST, Blogger M. said…

    Não vi o filme, mas o Woody parece-me catita (o do "Toy Story" também).

    A sorte está no mesmo saco que Deus, ou o Diabo, ou a Alma. Justificações para o que acontece capazes de nos satisfazerem e permitirem uma existência mais ou menos tranquila. Acreditando que o Tempo se processa de forma mais ou menos linear, ao recapitular os eventos que compõem a nossa vida espantamo-nos ao considerarmos a forma como tudo se interliga num todo unido e com sentido. Ficamos tão maravilhados com a perfeição com que a realidade se nos apresenta que nos forçamos a arranjar uma explicação que se aplique ao que aconteceu.

    Origem do Mundo? Deus. O "mal" de que o Homem é capaz) Diabo. E a morte? Qual morte? Com uma alma destas não há nada que nos pare! Incrível como tudo aconteceu exactamente de forma a que o bacano se safasse! Sorte!

    A minha cadela foi encontrada esfomeada na rua, a pedir comida e abrigo. Acolhemo-la carinhosamente. Que série de eventos se passaram para que o novo membro da família chegasse? Que sorte (ou azar?) o abandono dela pelos seus antigos donos! Enquanto andava pela rua, podia ter morrido atropelada! Que sorte os carros terem parado e não a terem morto! Bem, nós só a podemos acolher porque tivemos a sorte de uma guerra nuclear não rebentar entretanto e a nossa casa ir pelos ares! Etc, etc.

    Acho que, no geral, as pessoas chamam sorte àquilo que não conseguem controlar. É um nome bonito que nos impede de fantasiarmos sobre monstros e afins que possam controlar o nosso mundo. Ou então um recurso que nos ajude a lidar com a incerteza que comanda a vida. Isso tudo, mas nunca uma entidade a quem se pede que nos seja favorável.

     
  • At terça-feira, 29 de agosto de 2006 às 23:05:00 WEST, Blogger Лев Давидович said…

    Já vi o filme e considerei-o um dos melhores do ano. Não ganhou o Oscar para que estava nomeado, mas logrou com a boa aceitação do público em geral.
    Quanto à sorte...
    Fortes Fortuna Adjuvat. Acho que está tudo dito. A sorte, procura-se, acha-se ou faz-se. Não é obra do acaso, não é obra do espirito santo.
    Se tivesse que a definir, seria algo como isto: superação das expectativas.

     

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